Ah,
saudade da época das cartas de amor.
Tantas
me mandaste, outras tantas te enviei.
Envelopes
de várias cores, colados e selados.
Passaram
por lugares variados, longo roteiro.
Angustiante
espera, ansiosos dias passados,
Mas
me acalmava ao ouvir o chamado: carteiro!
Corria
em direção a caixa dos correios.
Retirava,
um pouco amassada, abraçava.
Tua
presença indo de encontro ao meu peito.
Momento
de emoção que nos entrelaçava.
Teu
nome escrito no remetente, certeza.
Sentava
e abria, ritualística feita muitas vezes.
Figurinhas
que enfeitavam o papel escrito.
Aroma
delicado de perfume que eu sentia.
Tocava
aquela letras com muito carinho.
Beijava
teu ser refletido nas palavras lidas.
Caligrafia
caprichada nas frases dos relatos.
Histórias
de momentos de tristezas e alegrias.
O
sabor de viver naquele espaço cabia.
No
Natal, Noel apertado sua sina cumpria.
Iluminado
pela estrela vinha a sagrada família.
No
aniversário, uma lembrancinha, o que viria?
Novo
cartão com bela mensagem e musiquinha?
A
cada data comemorativa nova vida ressurgia.
Na
caixinha guardava as cartas lidas e relidas.
Adormecidas,
as acordava para de te relembrar.
Através
dos anos mudaram os planos e os endereços.
Brigas
e pazes, mas permanecia intacta a ternura.
Daqui
pra lá e de lá pra cá tinha amor e respeito.
Fotografia
tardiamente revelada, admirar.
Sem
instantaneidade, momento marcado.
O
tempo foi no compasso, veio o celular.
Texto
pronto,voz ampliada e rosto alterado.
É
Ctrl C e Ctrl V, pouco se descreve a lápis.
Falta
tempo, tudo é líquido e formatado.
Nos
modernizamos e o caderno prescreveu?
A valorização
do manuscrito agora é insensatez?
Saudosismo
fez morada dentro da nossas cartas,
Lar eternizado de nosso ser através do espaço e tempo.
Hoje
não há lamento, lembro, olha, ali está tu e eu,
Não
é um adeus que se fez, mas felicidades transcritas.
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope