sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

O Olhar de Clio



“Oh! Nem o tempo amigo/ Nem a força bruta/ Pode um sonho apagar/ Quem perdeu o trem da história por querer/ Saiu do juízo sem saber/ Foi mais um covarde a se esconder/ Diante de um novo mundo...” (Canção do Novo Mundo – Beto Guedes)

    Sem a obrigatoriedade de História no Ensino Médio existe uma intenção de vendar os olhos de Clio, fechar seu templo e apagar da memória do alunado sua importância no desenvolvimento intelectual. Mas creio que até nisso não obterão sucesso, pois essa história falsa da irrelevância será esclarecida ao longo do tempo ao som da trombeta de Clio.
    É triste constatar que na busca de silenciar Clio a tornam uma “deusa secundária”, cujo escrito forçadamente colocado pelo Estado na entrada do seu templo diz: “se dentro dos gastos do Estado for interessante conhecê-la, entre, a porta está aberta.”
    Visitar o templo de Clio mediante os gastos financeiros? Que pena tal escrito, não é questão de interesse financeiro, mas de pensamento profundo em respeito a “Mnemósine” (Memória) mãe de Clio. Os seres humanos não são eficientemente projetados para um sistema de produção capitalista (Eric Hobsbawm).
    A musa da História e Criatividade não necessita de “clientela” para sobreviver. Seu templo não precisa ser visitado “quando se desejar”. O que de fato acontece com a tentativa de “silenciar Clio (a Proclamadora)” com a Reforma do Ensino Médio é implantar a surdez e cegueira diante dos fatos históricos e da criticidade que é a essência do ser humano pensante que transforma o mundo e a si mesmo. A história só é tolerável para personalidades fortes, ela sufoca as personalidades fracas (Nietzsche).
    Sua imagem causa incômodo a mentes medíocres. O livro que carrega em suas mãos, de Tucídides, nos remete a escrita da História. Já a trombeta em suas mãos, anuncia o acontecimento, a fama da História de despertar do “sono profundo da ignorância”.

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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope