Ontem,
7 de setembro, encontrei Diógenes na praia que vinha caminhando lento com o
candeeiro aceso como se procurasse algo. Dei bom dia e fiquei parado na sua
frente. Ele, me olhou e disse: “O dia poderia ser ainda melhor se você não me
fizesse sombra!” Sem graça, me afastei. Agradeceu.
Para
aproveitar a companhia desse homem sábio contei que era o dia da Independência
do Brasil, e graças a isso, podíamos respirar o ar da liberdade e fazer protestos.
Ele colocou o candeeiro próximo ao meu rosto e replicou: “Se o Brasil é
independente, não sei. Se devo protestar contra ditadores, ladrões e juízes,
também não sei. Agora, se queres saber se sou livre? Te Digo: ‘ando a pé, não
uso carro para descordar de ditadores, ladrões e juízes. Gasolina deve estar
cara, não é? Passagem dos transportes públicos também. Moradia? Tenho um barril
para dormir, não cabe nem um fogão, logo não uso gás. Emprego, não tenho. Não
sou funcionário público e nem privado para gritar por ditadores, ladrões e
juízes. Não estou aposentado, não sou pensionista, não tenho celular e nem
computador para ficar horas defendendo ditadores, ladrões e juízes”. Fiquei
encarado ele, então, num gesto súbito gritou: “Viva a ciência! Hoje temos dez
dimensões! Jamais vou me restringir a três: “gados ditadores, jumentos ladrões
e Juízes sub judice. Viva a diversidade!”
Continuei...
É, Diógenes, as eleições federal e estadual serão bipolares, desculpe,
bipartidárias ideologicamente. Ele de pronto respondeu: “Não tenho título de
eleitor, vago pelas ruas. Sou da paz e uma nulidade social. Meu caro! Se o voto
é impresso ou não, para quê me preocupar. Tenho que sobreviver! Independente do que faz e pensa o eleitorado, observo nas eleições os votos brancos, nulos e da
oposição ao vencedor serem maioria. Tocou o dedo na minha cabeça e fez um som
de prim. Terminei, coloquei juízo na sua cabeça. E tem mais, na dimensão única
da mídia e do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que propagam apenas a
existência da tecla de confirma (verde), sou pluritecladista, e bradou distante
das margens plácidas do Rio Ipiranga: “Se é para o bem do juízo e felicidade de
quem não é bipolar, viva a ciência! Temos a tecla de cor branca da paz de
espírito e a de cor laranja para corrigir, caso não se queira votar em
ditadores e ladrões para depois assistir o juiz sub judice dá o veredito final
de quem deve ou não assumir, já que consta no processo várias condenações. Sim,
quase me esquecia, podemos usar a imaginação e criar um número diferente dos
que usam os ditadores e ladrões e depois confirmar; prim! Viva a ciência!”.
Enquanto os protestos patrocinados por ditadores, ladrões e juízes seguiam, Diógenes com seu candeeiro aceso passava ao lado gritando: “Entre ditadores, ladrões e juízes procuro um homem honesto para administrar a Pátria”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope