sábado, 2 de dezembro de 2017

Sol Nascente e Sol Poente



“Um dia conseguiremos a felicidade que duas pessoas sonham, mas nunca encontram.” ― O Feitiço de Áquila

        Do nascer ao pôr do sol, eis a sina na busca da felicidade humana, e dentro de cada um pulsando o falcão e o lobo como no filme: “O Feitiço de Áquila”; juntos, porém separados por um feitiço do entardecer diário.
Durante o dia com a luz do sol partimos em um voo na busca de realizar sonhos, conquistar sucessos e a tal felicidade. Caminho arriscado, possibilidades de gaiolas e armadilhas para aprisionar o falcão que há dentro de nós desejantes do encontro com a felicidade. A luz nos proporciona a esperança e a alegria de recomeçar, nos garante a força para buscar o amor, quebrar o feitiço que nos aprisiona em um corpo (falcão) que apesar de pousar inconsciente na mão do amado (cavaleiro), nos impede de viver a plenitude da realização da felicidade junto à pessoa amada, como no filme.
Á noite ao se aproximar, nos revela muitas vezes um dia de insucesso, de fim de uma batalha que saímos derrotas, feridos, mas vivos. É hora do repouso, de repensar novas estratégias, de renovar a esperança, a guerra ainda não findou. É chegado o momento da metamorfose, e o pôr do sol nos atormenta. Entre a sua partida rumo a escuridão que é chegada, a angústia nos assolar, e o uivo do lobo soa alto, anunciando que o rumo mudou no caminho, nessa sina, e o falcão perde suas asas e cria mãos que cuidará e acariciará o lobo de pelagem negra unida a escuridão que encobre os amantes impossibilitados de ser e viver seu amor que dentro do seus corações parece apagar como uma luz que se vai, não para sempre, mas assim como o sol que se põe cedendo seu lugar a noite e que depois voltará. 
 Difícil sina de amar entre o sol nascente e o sol poente; humanos que carregam dentro de si animais que volta e meia vem à tona como no “feitiço”, corda estendida entre o animal e o homem que deseja realizar sua essência, uma corda sobre um abismo na qual o lobo e o falcão buscam seguir a perigosa travessia, perigoso caminhar; perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar. Durante o dia falcão (a amada), à noite, lobo (o amado), cuja união de ambos a um amor que desejam realizar em sua plenitude parece nunca chegar, pois entre esse sentimento a inveja filha do feitiço que os separa parece vencer a cada dia.
   Mas, assim como somos feito para viver em coletividade a plenitude do amor que une, apesar de demorar a se efetivar “o eclipse”, com a ajuda de outros, eis que finalmente a união ocorre entre o amado e sua amada, e finalmente o feitiço chega ao fim. Portanto, como a felicidade é uma luta de instantes no tempo em convívio social, o falcão e o lobo precisaram acreditar na possibilidade do reencontro, e para isso tiveram de suportar os desafios da vida e o tempo que moldam os seres humanos e mede a resistência do amor que muitas vezes sucumbe ao feitiço da inveja de quem não sabe amar.

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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope