Da
infância, lembranças da casa da minha madrinha.
Atravessava
à linha férrea e seguia na rodagem velha.
Estrada
de barro, alguns roçados, curto caminho seguia.
Enfeitando
o terreiro, boa noite branca em baixo da janela.
Ao
lado da cozinha onde a encontrava, pé de manga rosa.
Chegava,
a bênção tomava. Deus te abençoe! Ficava contente.
Carismática
e sorridente, um encanto dentro de mim desabrochava.
Sentada
à mesa, eu, ao tamborete, conversávamos docemente.
Canto
do galo capão abrilhantava o encontro e o dia.
Na
instante os discos e compactos do padre Zezinho.
Religiosa,
aprendi ainda criança algumas cantigas,
Que
ao ouvir recordo de madrinha Zeza com carinho.
Íamos
visitar a casa de farinha que ao tempo resistia.
Espaço
onde vários instrumentos aguçavam à memória.
Sem
“farinhadas”, admirava o carro de boi que havia.
Próximo
a ele, o forno onde se preparava biju e tapioca.
Madeiras
e telhas escuras anunciam antigas histórias.
A
luz de candeeiro, a manipueira da prensa escorria.
Mulheres
sentadas cantando e raspando mandiocas.
Rodos deslizavam para lá e para cá revirando à farinha.
Na
arupema sobre o coxo a goma era peneirada.
Vários cocos eram ralados produzindo outro alimento.
Café,
um gole aqui outro ali para vencer a madrugada.
Hoje, vivas imagens cravadas no meu pensamento.
A
modernidade trouxe o canal que atravessou à propriedade.
A casa
de farinha e a sua morada do local foram arrancadas.
Corte
profundo nas reminiscências sepultando a felicidade
De
rever de vez em quando monumentos de décadas passadas.
Neles estavam representados o labor e o abrigo familiar.
No
presente, apesar de obras politiqueiras e mesquinhas,
As
águas não irão afogar as belas recordações significativas,
Preservadas nas fotos e palavras da casa da minha madrinha.
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope