Fico
horrorizado ao constatar que algumas pessoas apresentam escolas como
um prédio novo. Nela eu encontro de tudo da arquitetura moderna e
das novas tecnologias. Mas o principal parece que foi esquecido:
“asas e seres humanos”.
Pergunto-me
se nesse local tão maravilhoso para os olhos e para as propagandas
políticas do quantitativo, se existem asas para voar e pessoas para
possuí-las, porque na sociedade de consumo, “coisificar” e
“quantificar” traz lucro no sentido mais amplo da palavra.
Ah, se
educar fosse apenas prédios, tenho certeza que na sociedade da
construção civil e de imóveis tão em alta hoje em dia no mercado
as pessoas seriam outras, estariam dotadas de asas para voar livre no
céu do saber.
Contudo,
nas gaiolas prediais que dizem ser escolas, aprendemos a ter zelo
pelo prédio e as coisas materiais que o compõem com uma ênfase tão
grande que as asas são deixadas em segundo plano, e o seres humanos
tornam-se guardiães desses “templos sagrados” que não podem ser
profanados pelas asas da imaginação que são naturais aos seres
humanos.
Quando me
deparo com o uso do material mais simples como as palavras, gestos,
imagens e o livre pensar, constato que asas são coisas de pássaros
e de alguns poucos educadores(as) que ainda procuram voar sobre o
precipício da negação da liberdade para ensinar e aprender.
Negar as
tecnologias não, sem elas o voo tornar-se-ia mais difícil, negar
sim o uso destas como se sem as mesmas não pudéssemos voar, como se
pensar fosse apenas obra dos olhos e dedos sobre um teclado, quando
na realidade se faz necessário asas para ir mais além.
Canto de
pássaro deve ser ouvido em toda a floresta e não apenas em uma
árvore. Todavia para isso acontecer este deve voar de galho em
galho, de árvore em árvore, e não ficar restrito a uma gaiola a
mercê do seu dono (vivendo segundo o desejo alheio e não do seu).
Educação
deve ressoar para além dos muros da escola, pois do contrário,
mesmo com tantas informatizações e instrumentos prediais novos, sem
as asas para livrar a imaginação das prisões de consumo
mercadológico e da aparelhagem do Estado pouco se sairá do chão, e
além disso, poderemos dizer que gaiolas são a mesma coisa que
escolas, educar é a mesma coisa que instruir, e viver é apenas
caminhar com os pés sem o uso das asas da imaginação.
Como
exemplo disso podemos citar o voo dos nossos antepassados, que
desceram das árvores e caminharam com a imaginação transformando o
mundo. Porém, não se deve esquecer que com o uso da mesma, voltamos
a voar (construímos o avião) e em breve poderemos desaparecer
enquanto espécie ao derrubarmos a última árvore de onde descemos
para conquistar o mundo (desprezo ecológico), demonstrando assim,
que escolas e gaiolas são idênticas quando não se adquire asas
para voar.
Portanto se
faz necessário acreditar em asas e seres humanos, estes são
anteriores aos prédios, e fizeram parte da construção de um mundo
melhor, mundo que esqueceu de imaginar para apenas repetir leis,
fórmulas, construções, zelar em demasia pelo “templo do
saber”...
Enfatizar
prédios como se fossem escolas é exaltar gaiolas onde a imaginação
e seres humanos estão detidos executando cantos tristes e sem
ressonância na floresta (o mundo).
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope