segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Bartimeu Natalino


   

   O cego Bartimeu deixa um recado interessante para as pessoas abrirem os olhos durante as festas natalinas. Creio que o consumo exagerado leva a uma cegueira provocada pelo “ter” em detrimento do “ser”.
   Em meio a um apelo emotivo, com prazo de validade, pois as festas natalinas não são o ano inteiro, e o tal “espírito de natal” vem com uma etiqueta mostrando o prazo de validade, que expira na última colherada, gole e papel de presente rasgado do dia 25 de dezembro à meia noite, Bartimeu na sua afirmação magistral: “só sei que eu era cego, mas agora enxergo!”, deixa uma dica importante para o consumismo exagerado: “Jesus que me permitiu olhar o mundo deve ser celebrado no Natal”.
  “Caixinha! Ê...”, não foi o grito dado por Bartimeu, cuja cegueira era física e não mental; “Cura-me!...”, disse ele. Em meio à multidão, o “jovem Galileu” escuta o apelo e se dirige ao pedinte ofertando um grande presente: “estabelece sua visão”. Eis uma alegria infinda, eis um presente transformador, porque foi dado de Ser para ser, sem exibicionismo, algo tão marcante no “amigo secreto” cercado de intrigas disfarçadas de sorrisos.
   Depois do ocorrido (o retorno da visão de Bartimeu), se seguiu uma chuva de estouros, não de champanhe, mais de palavras ofensivas e duvidosas, dessas que permeiam o cotidiano antes das festas natalinas: “Cego?! Nada! Farsante!...” E em meio aquele blá, blá, blá e mi, mi, mi; Bartimeu observa pela primeira vez os que sempre “possuíram visão”, e sua perplexidade em ter voltado a enxergar foi substituída por uns instantes de vergonha da cegueira dos corações e mentes daqueles (as) a sua volta que o presenteava com o mundo do ter: “ter visão, ter mente, ter razão, ter dinheiro, ter roupa, ter poder, ter festas...”.
   Assim, aqui vale à máxima do escritor Exupéry: “o essencial é invisível aos olhos”; e completo: “as lojas!”.

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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope