Casa do meu avô (José Marinho dos Santos)
Sítio Várzea Grande - Sapé - Paraíba.
Pintura: Enoque
No alpendre
da casa, balaio e “rudia”.
Ouvia
canto, ouvia prosa, era aquela “latumia”.
Na estrada velha, carro de boi passando,
Gemendo e anunciando o nascer do dia.
Morada singela, janela aberta sem tramela.
Rádio de pilha tocando aquarela nordestina.
Siu, siu, siu... Som da passarada, pulo e galho.
Rouxinol, Canário, Sabiá e Galo de Campina.
Orvalho nas folhas, plantação a contemplar.
Na jaqueira “pulêro”, as vezes um balanço
Embalando sonhos de criança, lá, lá, lá, lá...
Encanto, desfrutando às férias escolar.
Olhar contemplativo, pensamento e nova criação.
Vara se tornava cavalo, carrinho de lata de leite,
Canudo de folha de mamão, bola de gude e pião.
Ali sim, tenho certeza, aumentei à imaginação.
Linha férrea tortuosa também passava lá.
Dava aquela disparada no meio do corredor.
Chegava na porta. Lá vem o trem! Pam, pam, pam!
Tá ouvindo?! Sim, estou! Sentia, olhos de protetor.
De repente, nada de ausência, pacientemente ia.
Chegava perto, companhia, junto a mim o percebia.
Assim advertia com afago carinhoso e amor:
“Cuidado com o bacurau!”. Mãos ternas do meu avô.
Candeeiro a noitinha iluminava o “ciar”.
Macaxeira, inhame, batata e charque na grelha.
Bolacha jaú, pão com manteiga, café e “manguzá”.
De tudo um pouco a cada dia, graças no alimentar.
Nossa Senhora, obrigado! Uma prece pela comida,
Pelo dia de trabalho, naquele instante ele fazia.
Era esse o ritual daquele crente em pé.
Seu nome?! José! Até nome de santo ele tinha.
Boa noite! Quem é? Quem vem lá?
Amigo de labuta, calos nas mãos.
Oxe! O que é que há? Vim prosear.
Se benzia e dizia: “sente aí, chego já!”.
Caderno de pobre é o mato.
A caneta é a enxada que capina.
Eram essas as frases introdutórias
De quem a terra cultivava com mestria.
Espreguiçadeira estendida, deitava.
Depois o diálogo começava com sabedoria.
Na Ágora do sítio ideias e verdades se ouvia.
Sobre a vida se falava de seu disparate e alegria.
“Cumadi fulôzinha”, Virgulino capitão, “caçuá”,
Mula sem cabeça, “ um mói” de cabelo com arapuá.
“Binidito do babal”, “bali de forró” e cacimbão.
“Aima!” Valei-me, meu “padim Ciço Romão!”.
Homem forte, lutador. Tinha gana, tinha fé.
Sábio na arte de negociar e cuidar do roçado.
Filósofo do chão, da plantação, fosse no inverno,
Na estrada velha, carro de boi passando,
Gemendo e anunciando o nascer do dia.
Morada singela, janela aberta sem tramela.
Rádio de pilha tocando aquarela nordestina.
Siu, siu, siu... Som da passarada, pulo e galho.
Rouxinol, Canário, Sabiá e Galo de Campina.
Orvalho nas folhas, plantação a contemplar.
Na jaqueira “pulêro”, as vezes um balanço
Embalando sonhos de criança, lá, lá, lá, lá...
Encanto, desfrutando às férias escolar.
Olhar contemplativo, pensamento e nova criação.
Vara se tornava cavalo, carrinho de lata de leite,
Canudo de folha de mamão, bola de gude e pião.
Ali sim, tenho certeza, aumentei à imaginação.
Linha férrea tortuosa também passava lá.
Dava aquela disparada no meio do corredor.
Chegava na porta. Lá vem o trem! Pam, pam, pam!
Tá ouvindo?! Sim, estou! Sentia, olhos de protetor.
De repente, nada de ausência, pacientemente ia.
Chegava perto, companhia, junto a mim o percebia.
Assim advertia com afago carinhoso e amor:
“Cuidado com o bacurau!”. Mãos ternas do meu avô.
Candeeiro a noitinha iluminava o “ciar”.
Macaxeira, inhame, batata e charque na grelha.
Bolacha jaú, pão com manteiga, café e “manguzá”.
De tudo um pouco a cada dia, graças no alimentar.
Nossa Senhora, obrigado! Uma prece pela comida,
Pelo dia de trabalho, naquele instante ele fazia.
Era esse o ritual daquele crente em pé.
Seu nome?! José! Até nome de santo ele tinha.
Boa noite! Quem é? Quem vem lá?
Amigo de labuta, calos nas mãos.
Oxe! O que é que há? Vim prosear.
Se benzia e dizia: “sente aí, chego já!”.
Caderno de pobre é o mato.
A caneta é a enxada que capina.
Eram essas as frases introdutórias
De quem a terra cultivava com mestria.
Espreguiçadeira estendida, deitava.
Depois o diálogo começava com sabedoria.
Na Ágora do sítio ideias e verdades se ouvia.
Sobre a vida se falava de seu disparate e alegria.
“Cumadi fulôzinha”, Virgulino capitão, “caçuá”,
Mula sem cabeça, “ um mói” de cabelo com arapuá.
“Binidito do babal”, “bali de forró” e cacimbão.
“Aima!” Valei-me, meu “padim Ciço Romão!”.
Homem forte, lutador. Tinha gana, tinha fé.
Sábio na arte de negociar e cuidar do roçado.
Filósofo do chão, da plantação, fosse no inverno,
Primavera, outono ou verão. Minha
Gratidão!
Sapé , Sítio Várzea Grande, onde nasci.
Cochilos, “chapé de paia”, espirros e rapé.
Parte do que aprendi e sou, duvide quem quiser,
Muito agradeço, ao meu avô, “seu” José!.
Sapé , Sítio Várzea Grande, onde nasci.
Cochilos, “chapé de paia”, espirros e rapé.
Parte do que aprendi e sou, duvide quem quiser,
Muito agradeço, ao meu avô, “seu” José!.
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope