terça-feira, 11 de maio de 2021

O Rio



É de manhã. Orvalho na rosa, pássaro cantando.
Igual uma cobra se contorcendo, segue o rio.
Calmo e às vezes arredio dá botes no barranco.
Volta a rota, das pedras segue desviando e reagindo.
 
Fico em cima da ponte olhando e me perguntando:
Idêntico ao rio também são os dias que ainda vivo?
Tortos e imprevisíveis repletos de certezas e enganos?
A leveza da passagem cria em mim um ânimo; miro!
 
Desloca-se cada vez mais distante, debruçado e contemplando,
Vejo-o se transformando em meio a paisagem em um risco,
Arrisco, no final da linha em algum lugar está desaguando.
 
Fico pensando: quando existimos estamos cercados de perigo,
Mas prosseguimos como um rio, uma força vai nos empurrando,
Até que um dia por fim cessamos e desembocamos no infinito.

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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope