Brejo Brasil era a
denominação dada por dois sapos delirantes a poça d’água suja onde resolveram fazer
morada. Dia e noite coaxavam promessas ilusórias. Um se denominava o próprio
messias, o outro de pai dos pobres, cada um com sua personalidade doentia cantando
seus programas governamentais para o lugar. Ilusões à parte, quem passava por
eles com um mínimo de sanidade só ouvia: “foi e não foi; foi?!” Porém, nas
mentes sombrias de ambos, imaginavam serem os salvadores iluminados.
Um boi e um burro que
pastavam por perto, logo atenderam aos apelos dos candidatos e tomaram partido.
O boi preferiu o messias, enquanto o burro optou pelo pai dos pobres, e aí o
coro engrossou no pseudo Brejo Brasil. Os dois ruminantes ludibriados pelas
falácias que achavam ter entendido, começaram a discutir quem estava certo e
errado, sem saber o que defendiam. No final, cansados de falar de nada, a fome
falou mais alto, assim abandonaram os sapos doidos, voltando às pressas para o
pasto, porque barriga vazia não se enche com palavras.
Os dois lunáticos vendo a
partida dos mamíferos, se empolgaram ainda mais, o jogo eleitoral estava
empatado, agora podiam iniciar a peleja novamente para poder conquistar novos
adeptos para suas causas. Esquecendo que não estavam totalmente submersos, porque
havia muita sujeira na localidade, suas caras imundas ficaram totalmente
expostas.
Mesmo não estando
protegidos, pulavam, faziam malabarismo, carinha tristonha, e claro, um grande alarido,
sempre que fantasiavam estar na presença da imprensa, que nada mais era do que
suas imagens refletidas na poça d’água, fruto da sandice que os tornavam
patéticos e o espetáculo hilário.
Distraídos, jamais
imaginariam que uma cobra espreitava em silêncio o espetáculo circense dos
palhaços bocudos. Os ouvidos, por conta da maluquice, escutavam os gritos das
multidões, mas de fato era o Zé Povão passando ao lado chamando-os à atenção para
o perigo que corriam: “Olhem, vocês estão prestes a morrer por causa de tantas
tolices”. Iludidos, não se preocupavam com o conselho, e como se achavam sumidades,
ao invés de violento e ladrão, seguiram na disputa louca.
Se pintavam, ensaiavam a
fala e com sorrisos falsos espalhavam que a pobreza do lugar havia sido erradicada.
Todavia, o que se observava era o tal de “foi e não foi; foi?!” Pois é, os dois
ignorantes até debates simularam mostrando grande intelectualidade inexistente.
E cercados de lixo, cada vez mais se igualavam e se tornavam ainda mais fedorentos.
A cobra esperta que nada tinha a ver com isso, preparava o bote com muita precisão,
no entanto, às vezes cedia no intento, pois ficava rolando de rir dos dois
patetas com ar de sabichões e estadistas.
Com gritos histéricos os
aluados prometiam mundos, fundos e quinhões de seus míseros tostões. Inchavam,
lançavam venenos e trocavam ofensas de montão. Contudo, quem era ajuizado não
caía na conversa deles, porque o que de fato se percebia era: “foi e não foi;
foi?!”.
Foi! A cobra que se pode
comparar a História que faz sucumbi às mentiras, com duas investidas acabou com
os sonhos dos dois alucinados que foram engolidos calmamente, e no curto espaço
de lucidez antes do fim nenhum desejou ser o primeiro no Ibope do réptil. Os
anfíbios amalucados, o messias e o pai dos pobres, se despediram da glória
desatinada, terminando com o “foi e não foi; foi?!” Dessa vez, foi, ou melhor,
foram!...
Chegando no céu, o
messias e o pai dos pobres felizes gritaram: “Oba! Estamos salvos!” Todavia,
São Barroso e sua trupe utilizou várias vezes o Var, então, decretou à
sentença: “Aqui não entra bocão!”. Os dois se olhando, replicaram com um
biquinho: "Vá se danar! Isso é uma injustiça!”. De repente notaram uma voz, o
Todo Poderoso disse: “foi e não foi; foi?! E os dois de braços dados e amuados
seguiram rumo ao inferno que possuía um sanatório. Na entrada estava escrito:
“Era e não era; era?! Mas foi, aliás, foram de novo!...
Foram! Porém, os seus legados ficaram na triste sina do burro e do boi que pelas pastagens sem pensar, ruminando e ressentidos repetiam automaticamente: “foi e não foi; foi?! Acreditavam no que não sabiam, não entendiam e apenas defendiam para não admitir seus enganos e orgulhos feridos. Foi... Não foi... Foi?!
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope