Depois da Pandemia repleta de pandemônios,
ainda esperamos um abraço. As máscaras quase não existem mais nos rostos,
contudo, restou o disfarce primordial: “o deus Baal de cada dia refletido no
outro”.
Os braços estendidos ainda esperarão muito por
um abraço, pois agora chegou a segunda mutação do vírus da hipocrisia, cuja exigência
é a máscara do caráter acusatório. Antes olhávamos com certa raiva as pessoas
que não usavam máscara na pandemia, que saíam nas ruas, não aceitavam se
vacinar e o enclausuramento. Agora chegou à politicagem com sua metamorfose de
comportamento, dispensando os testes de comprovação de legitimidade moral e ética,
e todos são igualados por suas santidades e aversão ao deus Baal do outro.
Os nossos olhos estão sempre ofuscados pela
idolatria, e o outro que muitas vezes difere de mim na politiquice se torna na
minha concepção devoto do deus Baal, e sem tempo para ouvi-lo ou para acolhê-lo
com um abraço cordial, respondo: “Ando com os braços ocupados. Carrego bandeiras,
panfletos e gasto horas nas redes sociais digitando a santidade dos (as) meus
(minhas) candidatos (as) que se opõe ao deus Baal que encontro em você". Pois é,
o próximo se torna longe, enquanto o longe se torna próximo graças à internet.
E Deus, onde fica nessa onda de empolgação vazia?
Fica no horário eleitoreiro, na visita ao templo na busca de voto, naqueles
(as) que ajudam os pobres e necessitados nas campanhas eleitoreiras, nos
milhões gastos com obras, e tudo aquilo que a mídia divina e pura reproduz, porque
qualquer contestação de superfaturamento, caixa dois, contas reprovadas,
processos judiciais, ninguém vê, já que isso é coisa do Baal encarnado no outro.
E se uma voz clamar no deserto da mínima coerência e denunciar as inverdades midiáticas,
terá sua cabeça apresentada numa bandeja de prata, ou de qualquer moeda de
valor no mercado eleitoreiro.
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope