Correr contra o tempo, eis o designo do
homem contemporâneo. Acumular capital para garantir uma vida tranquila amanhã, também.
Mas, o amanhã aonde está? Será que vai chegar ou é apenas projeção do hoje mal vivido?
E, quando o presente se declarar como o futuro imaginado e nos perguntar:
"O que foi feito do ontem?”; e então como responder a tal indagação?
Com certeza a “força criadora” mais uma
vez se antecipará como elucidadora dando uma resposta e afirmando assim: "é
graças a minha existência que o tempo e o homem foram criados, antes de mim,
somente o nada. Contudo, infelizmente, um subjugou o outro, tornando a mim
irrelevante frente à ambição do ter que supera a vontade de ser e ser-mais.
Existo para fazer florir uma rosa, antes ignorada pelo homem-máquina que
perplexo indaga: ‘ainda há força além dos meus braços e pernas capaz de
produzir tamanha beleza?’; sim há!”.
Sempre
houve essa força criadora invisível e livre de sujeição. Jamais uma folha seca
pediu licença para desprender-se do galho. O sol nunca foi seletivo para
iluminar. A noite chega sem perguntar: eu posso? E nisso reside um vigor destruidor da ilusão
de um mundo enquadrado pela globalização econômica e da informatização, cuja
meta é a riqueza sem limites.
O tempo presente é para ser vivido e não
apenas para saber que estamos aqui ou ali desempenhando funções sociais. Presente de plena realização é sinônimo de passado superado, é a garantia de um futuro no agora
do qual participo ativamente forjando o meu ser, e não apenas respondendo a
mecanismos que me moldam apenas de forma unilateral. Vivo na minha plenitude e
não somente existo em conformidade com os ditames impostos socialmente: “está
na hora de acordar, digitar, trabalhar, descansar, almoçar, beber... E ser
feliz ao menos, posso ser?”.
Portanto, o passado não é mais, ficou na lembrança. O futuro, virá? Será da forma que imaginei ou das minhas ações no agora? Então, o "presente vivo e sem ausência profunda”, é a melhor forma de dar sentido ao que fazemos no cotidiano, é expandir a força criadora que cada um tem, impedindo a coisificação sob o domínio do capital e do tempo mal aproveitado e instrumentalizado.
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"Não me tires o que não me podes dar!... Deixa-me ao meu sol."
- Diógenes de Sinope